O ato de escrever—parte I
Escrever é uma das práticas mais autênticas e nobres do ser humano.O homem ,mediante sua racionalidade, tornou , com o decorrer dos tempos , tal ato uma verdadeira arte no sentido “téchne"do termo. Seja o ficcionista, ser artístico por excelência, seja o bom jornalista e até mesmo você que se aventura nas redações “amadoras” da vida (cartas, mensagens eletrônicas, bilhetes, narrativas breves, resenhas entre outras); todos ,de um certo modo, precisam de clareza, coerência e certo estilo a fim de que possam ser compreendidos e compreender.
Os colossais escritores de nossa literatura mundial já afirmavam categoricamente que o escrever se aprende escrevendo. Contudo, não é somente a prática desenfreada e sem método desta atividade enobrecedora da condição humana que tornará o indivíduo um hábil redator. É preciso desmistificar a noção de que redigir bem significa lançar mão de palavras difíceis encontradas nos pavoneados discursos ruibarboseanos ou de qualquer retórico afetado do século XIX. Muito pelo contrário.
Um bom texto em prosa , por exemplo, de caráter informativo ou ensaístico vai exigir de seu compositor o uso de uma qualidade fundamental: a clareza.
Produzir um texto claro implica em empregar palavras simples , curtas, ou seja, o popular ser curto e grosso. Nas minhas análises de textos informativos,diga-se de passagem, da medíocre imprensa brasileira , vê-se uma perda monumental de estilo
Como o estilo é forma e a forma afeta na apreensão do conteúdo, o leitor e/ ou telespectador crítico e mediano ficam atônitos às barbaridades veiculadas e aos atentados terroristas contra a clareza. Neste carnaval, vi uma tevê exibir uma notícia que adjetivava com o termo “clássica” a música Rebolation do grupo Parangolé. Já não existe neste caso um problema básico de clareza,mas sim de semântica, isto é , de sentido, de significação literal. Sem contar o crime contra a História da música.
"palavras difíceis encontradas nos pavoneados discursos ruibarboseanos ou de qualquer retórico afetado do século XIX"
ResponderExcluirVide: Catulo da Paixão Cearense! Gênio, que certamente não teria apoio da poderosa mídia televisada:
Poeta eu sô sem sê dotô
Sou sertanejo
Eu sô fio lá dus brejo
Du sertão do Aracati
As minha trova
Nasce d’arma sem trabaio
Cumo nasce na coresma
Nu seu gaio a frô de Abri
(U POETA DU SERTÃO)