quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Varal dos Sonhos (poesia) de Carlos Eduardo


                                                        Varal dos Sonhos





A saudade é devastadora
Quando enxágua a feição
E as palavras;
De molho, então,
Ficaram as vontades.
No varal dos sonhos
Enxugam-se as mágoas
E se maquiam os ciúmes
As cores se sentindo
Um tanto arrependidas
põem-se a secar
É quando secam , também,
Os carinhos que vão pela tábua do tempo
a passar.
Logo, os sentimentos
São dobrados
E os momentos
bem  guardados
para  serem,
de  tempo em tempo,
cuidadosamente   lembrados.
                                          Carlos Eduardo de   Oliveira  Andrade (Duda)

Fonte: WWW.recantodasletras.com.br/poesiasdesaudade.

sábado, 15 de dezembro de 2012

A Morte (poesia) por Clécio Abreu




                                    Morte



“Emaranhado nas lembranças,
Lágrima afogada pela dor.
Triste sorriso na noite,
Ofusca o brilho das estrelas.
Minha alma rasgada,
Chacina meu corpo.
Pés que vagam no deserto,
Cansado, deito.
Fecho os olhos,
Sossego.”

                            Clécio Abreu






segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Não tarda nada sermos...






 Não Tarda Nada Sermos Breve o dia, breve o ano, breve tudo.
Não tarda nada sermos.
Isto, pensado, me de a mente absorve
Todos mais pensamentos.
O mesmo breve ser da mágoa pesa-me,
Que, inda que mágoa, é vida.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A Menina dos Fósforos de Hans Christian Andersen

                                               
                                     

                                             A Menina dos Fósforos        

Fazia um frio terrível. Nevava, e a noite aproximava-se rapidamente. Era o último dia de Dezembro, véspera de Ano Novo.Apesar do frio intenso e da escuridão, andava pelas ruas uma menina descalça e com a cabeça descoberta.
Ao sair de casa ainda trazia umas chinelas, mas que não lhe serviram de muito. Eram enormes, tão grandes que decerto pertenciam à mãe e a pobre menina tinha-as perdido ao atravessar a rua correndo, para fugir de duas carruagens que rolavam velozmente. Estava agora descalça e tinha os pés roxos de frio. Dentro de um velho avental tinha muitos fósforos e segurava um punhado deles.
Ninguém lhe comprara fósforos durante o dia e nem sequer lhe tinham dado uma esmola. Morta de frio e de fome, arrastava-se pelas ruas. A pobre criança era a imagem da miséria. Caíam-lhe flocos de neve sobre os cabelos louros muito compridos.
 As janelas das casas estavam todas iluminadas. Pelas ruas, espalhava-se o cheiro reconfortante de gansos assados, pois era véspera de Ano Novo.

A menina acocorou-se no ângulo formado pelos muros de duas casas. Encolhera as pernas e sentara-se em cima delas, mas continuava a ter frio. Não ousava voltar para casa porque não vendera nem um fósforo e não tinha sequer uma moeda para entregar ao pai. Temia que este lhe desse uma sova. Além disso, em casa fazia quase tanto frio como na rua, porque tinham apenas o telhado para os cobrir. Apesar de terem tapado com palha e trapos todas as frestas, o vento gelado penetrava incessantemente.
Tinha as mãos quase geladas pelo frio. Ah! Talvez a chama de um fósforo a pudesse aquecer um pouco. Oh! Um fósforo, apenas um! Esfregou o fósforo na parede e protegeu com uma das mãos a chamazinha viva. Que brilho magnífico! Pareceu-lhe que a chama era uma braseira de cobre acesa, irradiando um calor reconfortante. A rapariguinha estendeu os pés para os aquecer mas, subitamente, o fósforo apagou-se, a maravilhosa braseira desapareceu e a criança ficou apenas com um fósforo meio consumido entre os dedos.
Pegou noutro e acendeu-o. O brilho era tal que tornava o muro de um dos prédios tão transparente como vidro. A criança viu então uma sumptuosa sala de jantar, no centro da qual estava posta uma mesa coberta com uma toalha tão branca como a neve. Sobre ela havia copos de cristal, pratas e finíssimas porcelanas, reflectindo milhares de luzes. Numa travessa estava um ganso recheado com ameixas secas e maçãs fumegantes. Um cheiro delicioso espalhava-se pelo ar. De súbito, o ganso, apesar do garfo e da faca que tinha espetados no dorso, saltou do prato e dirigiu-se, bamboleando-se, para junto dela.
De repente, o fósforo apagou-se e a menina via, agora, o espesso muro do prédio.Riscou outro fósforo e viu-se sentada junto de uma árvore de Natal magnífica, ainda maior e mais bela do que a que vira no Natal anterior, através da porta de vidro da casa de um rico comerciante. Uma infinidade de bolas coloridas reflectia os milhares de velas que ardiam por entre a ramagem. Dos ramos mais baixos pendiam, em fios de prata, laranjas e frutas cristalizadas.
 A menina estendeu os braços para tanta maravilha, mas o fósforo apagou-se e todas as velas da árvore subiram para o céu, transformando-se em estrelas.

Uma delas caiu, deixando um longo rasto luminoso. «Morreu alguém», pensou a criança.
 A avó, a única pessoa que lhe dera afecto e que já tinha morrido, dissera-lhe um dia:
 - Sempre que cai uma estrela, uma alma entra no Paraíso.
 A menina riscou outro fósforo na parede. Viu, então, à luz da chama, o rosto meigo da avozinha.
 - Avó, leva-me contigo. Sei que vais desaparecer, quando se extinguir o fósforo. Desaparecerás como a braseira, o ganso recheado e a grande árvore de Natal - disse a criança.

Pôs-se a acender todos os fósforos que restavam na caixa, para conservar junto de si a imagem da avozinha. Os fósforos davam uma chama tão clara que parecia dia. Nunca a avó fora tão bela e tão grande como naquela noite.
 A bondosa senhora pegou na criança entre os braços e ambas se elevaram no espaço, envolvidas por uma luz extraordinária. Subiram alto, muito alto, até onde deixa de existir o frio, a fome e o medo.
 E, quando chegou a madrugada, encontraram a criança estendida no chão, com as faces rosadas e um sorriso nos lábios. Estava morta. Tinha morrido de frio, na última noite daquele ano.
 O Sol do dia do Ano Novo ergueu-se sobre o corpo frágil e abandonado na neve. O avental da criança continha ainda alguns fósforos, mas perto do corpo encontrava-se um pacote de caixas vazias. No entanto, ninguém podia supor as esplêndidas coisas que a menina tinha visto, nem sequer a emoção que sentira ao ser levada pela bondosa avozinha, no dia em que o novo ano principiava.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

SOUTH PARK E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

South Park e a questão da inteligência artificial...




O episódio de South Park desse Sábado foi muito interessante. Só vi o fim mas acho que por algum motivo escuso o Cartman se disfarçou de Robô. Ele foi descoberto após peidar. Afinal, seria possível a criação de criaturas artificiais, cérebros de Silício, que peidem?
Lembrei das intermináveis discussões sobre a Inteligência Artificial nas aulas de filosofia da mente, no mestrado de Metafísica. A idéia parece ser a de que a consciência é uma função do cérebro, ou melhor, um modo de organização de determinadas funções cerebrais, de maneira que, se você reproduz a organização da função em outros meios, como por exemplo, numa rede de chips de Silício, poderia reproduzir a consciência.
Essa é a hipótese da tal metáfora Hardware / Software. O Hardware seria o cérebro e o Software a consciência. Os críticos afirmam que isso cria um dualismo mente/cérebro semelhante ao dualismo mente/corpo cartesiano.
Outra frente de combate a Inteligência Artificial é a idéia de que a consciência é uma função biológica (e não meramente organizacional) de determinados meios materiais formados apenas a base de CHON (Carbono, Hidrogênio, Oxigênio e Nitrogênio), ou seja, criaturas vivas de modo que, para se fazer um robô como o Cartman tentou imitar no episodio de South Park seria necessário produzir microchips a base de carbono e não de silício. Ou seja, criar um clone e não um andróide.
Agora apareceu mais um problema. Tem uma turma alegando que no caso humano as funções organizacionais de conexões entre neurônios interagem com o a estrutura material do cérebro, modificando a estrutura biológica do dito cujo.
Mas ainda tem o problema do peido.
Como imaginar que apenas a consciência define o homem? Também não somos animais que peidam? Não seria o pum um elemento também importante na constituição daquilo que chamamos Humano? Flatulo ergo sum.

Esta deve a próxima grande questão filosófica a ser respondida.
A próxima grande geração de criaturas artificiais necessitará flatular e não apenas vencer partidas de xadrez.

Tirinhas da Mafalda



   fonte: www.clubedamafalda,blogspot.com

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O MIto da Caverna e o conhecimento que liberta...

O Mito da Caverna  é uma famosa alegoria filosófica que trata, em forma de diálogo, da dicotomia “realidade/aparência” – marcante na metafísica platônica. A metáfora criada pelo filósofo é parte constituinte do livro VI de “A República” (obra em que Platão nos leva a  refletir acerca dos princípios éticos, políticos, estéticos e jurídicos que seriam os pilares de  uma sociedade ideal). 
A dicotomia realidade/aparência – que também pode ser interpretada à luz de uma outra -senso comum/conhecimento filosófico -  vem sendo explorada, ao longo da história, por inúmeros autores, filósofos e estudiosos. Dentre as analogias mais modernas à alegoria de Platão, podemos citar o filme Matrix (Irmãos Wachowski, 1999) e as tirinhas de Maurício de Souza “As sombras da vida” (2002).


O senso comum é uma das formas de conhecimento primárias do ser humano. Através de nossas experiências e tradições,  buscamos elementos que expliquem a realidade. No entanto, é desejável que esta etapa seja superada, isto é, devemos buscar realizar a passagem gradativa do senso comum para um conhecimento mais racional, organizado e sistematizado, capaz de fornecer respostas cada vez mais elaboradas para os problemas cada vez mais complexos de nossa existência.
Quando nos acomodamos com as respostas prontas oferecidas pelo senso comum, alimentamos nossa ignorância e acabamos correndo o risco de sermos facilmente iludidos e de nos tornar vítimas daqueles que detêm o conhecimento e o utilizam como forma de submeter o outro. É o que acontece com as ideologias, que têm o poder de nos fazer aceitar mesmo falsas verdades que vão de encontro (contra) aos nossos próprios interesses.
·        Por outro lado, quando temos a coragem de “sair” da zona de conforto  representada pela caverna, com todas as suas sombras, isto é, com todas as percepções que fazemos da realidade, podemos nos sentir perplexos diante da constatação da nossa própria ignorância. Por isso, a busca pelo conhecimento é, antes de tudo, uma atitude corajosa, afinal, quantos já não foram julgados e condenados por aqueles que se negaram a sair de sua própria a caverna?
O desenvolvimento do pensamento crítico, proporcionado pela Filosofia, permite que adquiramos maior autonomia sobre as decisões e atitudes tão necessárias em nossa interação com o mundo em que vivemos. Torna-nos seres capazes de pensar por si próprios e não meros espectadores de um “programa de TV” que pode até ser bem produzido e cheio de efeitos especiais, mas que, no fundo, não passa de mera imitação da realidade, feita para iludir. 

domingo, 20 de maio de 2012

Quando, alguma vez, a liberdade irrompe numa alma humana , os deuses deixam de poder seja o que for contra esse homem.
Jean-Paul Sartre

sábado, 5 de maio de 2012

Chico Buarque, Mestre da Música Brasileira(MMB)







Ah, se já perdemos a noção da hora

Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir


Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios

Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir


Se nós, nas travessuras das noites eternas

Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir


Se entornaste a nossa sorte pelo chão

Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu


Como, se na desordem do armário embutido

Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu


Como, se nos amamos feito dois pagãos

Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair


Não, acho que estás só fazendo de conta

Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Poesia Erótica de Drummond

À meia-noite, pelo telefone
À meia-noite, pelo telefone,
conta-me que é fulva a mata do seu púbis.
Outras notícias
do corpo não quer dar, nem de seus gostos.
Fecha-se em copas:
"Se você não vem depressa até aqui
nem eu posso correr à sua casa,
que seria de mim até o amanhecer?"
Concordo, calo-me.

terça-feira, 20 de março de 2012

A televisão me deixou burro!!!


Em época que os Titãs eram críticos criativos da sociedade, "televisão" era tocada nas tv's para lhes dizer que a tv deixava as pessoas burras demais.  Para alertar que as "verdades televisivas" eram tão somente parte de um script político comercial, embalado e distribuído, massivamente, para todas as pessoas, para tornar tudo que era diferente em "coisas iguais".

Alguma coisa mudou?

A programação da televisão brasileira aos domingos, principalmente das maiores emissoras de tv aberta, é o ápice da divulgação de mensagens insossas, inócuas, pueris, vulgares e, disfarçadamente, manipuladoras.
Televisão
(Titãs)
A Televisão
Me deixou burro
Muito burro demais
Oi! Oi! Oi!
Agora todas coisas
Que eu penso
Me parecem iguais
Oi! Oi! Oi!...

O sorvete me deixou gripado
Pelo resto da vida
E agora toda noite
Quando deito
É boa noite, querida....

Oh! Cride, fala pra mãe
Que eu nunca li num livro
Que o espirro
Fosse um vírus sem cura
Vê se me entende
Pelo menas uma vez
Criatura!
Oh! Cride, fala pra mãe!...

A mãe diz pra eu fazer
Alguma coisa
Mas eu não faço nada
Oi! Oi! Oi!
A luz do sol me incomoda
Então deixa
A cortina fechada
Oi! Oi! Oi!

É que a televisão
Me deixou burra
Muito burra demais
E agora eu vivo
Dentro dessa jaula
Junto dos animais...

Oh! Cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar
Meu coração captura
Vê se me entende
Pelo menos uma vez
Criatura!
Oh! Cride, fala pra mãe!...

A mãe diz pra eu fazer
Alguma coisa
Mas eu não faço nada
Oi! Oi! Oi!
A luz do sol me incomoda
Então deixo
A cortina fechada
Oi! Oi! Oi!...

É que a televisão
Me deixou burra
Muito burro demais
E agora eu vivo
Dentro dessa jaula
Junto dos animais...

E eu digo:
Oh! Cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar
Meu coração captura
Vê se me entende
Pelo menos uma vez
Criatura!
Oh! Cride, fala pra mãe.