quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O ato de escrever- parte II Prof. Allan Pimentel

O ato de escrever- parte II               Prof.  Allan  Pimentel


A  construção de um texto em prosa deve ter, além da clareza, outro  elemento que é a coesão. Esta consiste na formulação de um vínculo entre os períodos de um parágrafo através de expressões , termos sintático-semânticos denominados conectivos. O inteligente emprego de conjunções, preposições e pronomes relativos(conectivos), por exemplo, pode conferir a uma composição elegância , estilo e impacto.
 Faz-se mister, assim, o domínio, por parte do redator, do universo teórico da gramática normativa, ou seja, aquela que estabelece regras do “bem” falar e escrever.No universo editorial  brasileiro, são confeccionadas muitas gramáticas com propostas interessantes em suas apresentações “conteudísticas “,embora o simples conhecimento  apenas da morfologia, sintaxe ou semântica não levará o indivíduo à excelência no glorioso mundo da escrita. Além do contato com  as tais normas, a leitura figura-se como outro ato alimentador, combustivo para o escrever. Ler adequadamente, compreendendo os enunciados de um texto, enriquece o vocabulário e  colabora para que se redija com substância.
O entendimento do lido , sua análise e a posterior atividade de “escrevedor” são processos contínuos e interdependentes. O que significa que para o cidadão  ser um bom escritor precisa ,antes de mais nada, ler , lucidamente  e com criticidade aguda, textos.
  O brasileiro,de um modo geral, não é um bom leitor. Em decorrência de  nosso sistema educacional falido e inautêntico, o povo, em sua maioria, amarga não possuir competência para elaborar oralmente ou  por escrito pensamentos, sensações, impressões sensatas. Essa distorção pode ser explicada numa perspectiva histórica.Se nos remontarmos à nossa colonização, veremos traços marcantes de uma verdadeira castração intelectual engendrada pelos portugueses( que ironia meu blog é sobre a língua desta gente). Só para vocês terem uma idéia, a Coroa portuguesa sempre proibiu a circulação de livros ,panfletos, e até mesmo a instalação de gráficas no país. A fase imperial foi   assinalada por uma censura rigorosa  da aquisição de meios de culturalizar o país formalmente. E  essa política excludente, segue até os dias atuais. O Estado, este Leviatã como bem descrevia Hobbes, dito democrático e republicano , mascara a deficiência da aprendizagem ,de um modo geral , e em específico o da capacidade de ler , interpretar e produzir um texto inteligível, ao publicar estatísticas  à respeito do aumento da quantidade de alunos no ensino básico  ou diminuição da evasão escolar. Tudo isso são meros números que vão ocultar a realidade da educação brasileira . Na verdade o que temos são analfabetos com diploma de ensino médio. Não sabem ler,quem dirá escrever alguma coisa que valha a pena.  O Brasil  está ,deste modo, jogando nas faculdades outros analfabetos, prostrados. O que se vê ,com essa onda de Eads e faculdades particulares, mediocridades , uma indústria de produção de diplomados alienados , em sua maior parte, incapazes de exercer habilmente as funções descritas nos seu diplomas.
 Imaginem  que geração é esta onde universitários discutem o programa “Big Brother” na sala de aula, Ou  leem revistas de mexericos , coisas do gênero...
Essa gente não aprende e não sabe nada. Elegem péssimos representantes e não possuem  “sumo mental”  para ter ideias próprias
     Enfim, no país do carnaval, futebol, mulata, Big Brother, mensalão, mídia sádica e vendida; não sobra muito para educação nem para se escrever algo que presta. Quase ninguém ler mais.
     Enfim, só resta agora  ao menos desnudar um pouco o rei....   
     Fui.          

   
  

         
           

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Fernando Pessoa, o poeta do ser...


"Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!"                


"Considerar a nossa maior angústia como um incidente sem importância, não só na vida do universo, mas da nossa mesma alma, é o princípio da sabedoria."
Fernando Pessoa
  Fonte : http://www.pensador.info/autor/Fernando_Pessoa/2/

Colaboração bem -- vinda


Alô,alô, rapaziada esperta  que acessa meu blog. Conto com a colaboração de vocês através de textos  próprios ou selecionados em fontes diversas sobre os  temas relacionados com nossa língua. Como todos sabem, o idioma é o instrumental para as várias  manifestações artísticas e culturais. Portanto,todo texto em língua vernácula será bem- vindo desde que não ofenda pessoas ou instituições.

                                                              Abraços a todos e obrigado pelas visitas.

                                                                                                         Allan Pimentel

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Mão para o alto! prof. Clécio Abreu


Mãos para o alto!

Essa frase ainda causa medo? Pavor?Cada dia mais essa sentença é corriqueira, banal, salvo quando a morte é a consequência. Mas isso não deveria ter acabado? Diminuído?
Ligo a TV, nela alguém me diz que somos a nação do amanhã, que a saúde está melhorando, o desemprego está diminuindo, pois “nunca na história desse país”... Mas espera! Em outro canal um indivíduo diz que roubou para comprar comida. Quem está mentindo?
Será que temos a capacidade de discernir o que é verdadeiro ou falso? Será que conseguimos nos desviar da metralhadora subliminar?
Em algum lugar da minha “pacata” cidade alguém diz: comprei a sandália que sempre sonhei. Uma criança de rua que vai passando, imagina: com o dinheiro que ela gastou eu poderia “viajar”. E a criminalidade está implícita. Inveja, ambição, intolerância...
Mas o que é isso? Não vivemos no Brasil do futuro? Talvez seja verdade, por que o passado já se foi. Afinal, não vejo mais na minha rua crianças jogando gude, não ouço mais minha querida Asa branca. Menino, saía da frente desse computador! Vá tomar banho! E lembre-se, hoje você tem consulta com o psicólogo. Tomo um susto, alguém bate no vidro do meu carro do ano, pedindo um trocado por ter limpado meu parabrisas. O semáforo abre e continuo a seguir, mas penso Quem me roubou de mim?
Não nos deixemos levar pelo rio, sem ao menos ir até a margem e admirar a beleza da vegetação à sua costa.


Texto do professor Clécio Abreu

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O ato de escrever -- parte I por Allan Pimentel


                                             O ato de escrever—parte I            


Escrever é uma das práticas mais autênticas e nobres do ser humano.O homem ,mediante sua racionalidade, tornou , com o decorrer dos tempos , tal ato uma  verdadeira arte no sentido “téchne"do termo. Seja o ficcionista, ser artístico por excelência, seja o bom jornalista  e até mesmo você que se aventura nas redações “amadoras” da vida (cartas, mensagens eletrônicas, bilhetes, narrativas breves, resenhas entre outras); todos ,de um certo modo, precisam de clareza, coerência e certo estilo  a fim de que possam ser compreendidos e compreender.
  Os colossais escritores de nossa literatura mundial já afirmavam categoricamente que o escrever se aprende escrevendo. Contudo, não é somente a prática desenfreada e sem método desta atividade enobrecedora da condição humana que tornará o indivíduo um hábil redator. É preciso desmistificar a noção de que redigir bem significa lançar mão de palavras difíceis encontradas nos pavoneados discursos ruibarboseanos ou de qualquer retórico afetado do século XIX. Muito pelo contrário.
Um bom texto em prosa , por exemplo, de caráter informativo  ou ensaístico  vai exigir de seu compositor o uso de uma qualidade fundamental: a clareza.
Produzir um texto claro implica em empregar palavras simples , curtas, ou seja, o popular ser curto e grosso. Nas minhas análises de textos informativos,diga-se de passagem, da medíocre imprensa brasileira , vê-se  uma perda monumental de estilo
 Como o estilo é forma e a forma afeta na apreensão do conteúdo, o leitor e/ ou telespectador crítico e mediano ficam atônitos às barbaridades veiculadas e aos atentados terroristas contra a clareza. Neste carnaval, vi uma tevê exibir uma notícia que adjetivava  com o termo “clássica” a música Rebolation do grupo Parangolé. Já não existe neste caso um problema básico de clareza,mas sim de  semântica, isto é , de sentido, de significação literal. Sem contar o crime contra a História da música.

A Origem da Língua Portuguesa

Macunaíma de Mário de Andrade

A síntese do romance – rapsódia
Capítulo I - Macunaíma
Macunaíma, “herói de nossa gente” nasceu à margem do Uraricoera, em plena floresta amazônica. Descendia da tribo dos Tapanhumas e, desde a primeira infância, revelava-se como um sujeito “preguiçoso”. Ainda menino, busca prazeres amorosos com Sofará, mulher de seu irmão Jiguê, que só lhe havia dado pra comer as tripas de uma anta, caçada por Macunaíma numa armadilha esperta. Nas várias transas (“brincadeiras”) com Sofará, Macunaíma transforma-se num príncipe lindo, iniciando um processo constante de metamorfoses que irão ocorrer ao longo da narrativa: índio negro, vira branco, inseto, peixe e até mesmo um pato, dependendo das circunstâncias.
Capítulo II - Maioridade
De tanto aprontar, foi abandonado pela mãe no meio do mato. Tremelicando, com as perninhas em arco, Macunaíma botou o pé na estrada até que topou com o Curupira e perguntou-lhe como faria para voltar pra casa. Maliciosamente, o Curupira ensina-lhe um caminho errado que Macunaíma, por preguiça, não seguiu. Escapando do monstro, o herói topou com uma voz que cantava uma toada lenta: era a cotia, que depois de ouvir o piá contar como enganara o Curupira, jogou-lhe em cima calda envenenada de mandioca. Isto fez Macunaíma crescer, atingindo o “tamanho dum homem taludo”.

Capítulo III – Ci, Mãe do Mato
Encontra Ci, a Mãe do Mato e inventa com ela lindas e novas maneiras de gozos de amor. O resultado desse idílio é o nascimento de um curumi, que morreu prematuramente depois de mamar no único peito de Ci, envenenado pela Cobra Preta. Enterrado o filho, Ci também resolveu deixar este mundo. Deu ao herói sua muiraquitã famosa e subiu pro céu por um cipó, transformando-se numa estrela.

Capitulo IV – Boiúna Luna
Tomado de tristeza, Macunaíma despediu-se das Icamiabas e partiu rumo às matas misteriosas. No caminho, encontra Capei, monstro fantástico que abre a goela e solta uma nuvem de marimbondos. Nas lutas contra o monstro, Macunaíma perde seu talismã e fica sabendo, através de um uirapuru, que a tartaruga que engolira sua pedra tinha sido apanhada por um mariscador. Este vendera a muiraquitã a um rico fazendeiro chamado Venceslau Pietro Pietra, proprietário de uma mansão na rua Maranhão, em São Paulo. Macunaíma resolve, então, vir para a capital paulista recuperar sua muiraquitã.

Capítulo V - Piaimã
O herói junta seus irmãos e desce o Araguaia, com sua esquadra de igarités cheias de cacau. Em São Paulo, fica sabendo que Venceslau Pietro Pietra
era o gigante Piaimã, comedor de gente, companheiro de uma caapora velha chamada Ceiuci, também antropófaga e muito gulosa. Esse capítulo apresenta uma das passagens mais saborosas do romance: a chegada de Macunaíma e seus irmãos à cidade de São Paulo. Nesse momento, Mário de Andrade inverte os relatos quinhentistas da Literatura Informativa. Aqui é o índio que se depara com a dita “civilização” e procura assimilá-la, digerindo-a com suas próprias enzimas culturais

Capítulo VI – A francesa e o gigante
Depois de uma tentativa de aproximação frustrada, Macunaíma resolve se vestir de francesa para conquistar Venceslau Pietro Pietra e reconquistar sua muiraquitã. O regatão não emprestou a pedra nem quis vendê-la. Mas deixou claro que poderia dá-la se a francesa resolvesse “brincar” com ele… Muito inquieto, Macunaíma foge, percorrendo, em louca correria, grande parte do território brasileiro

Capítulo VII - Macumba
Como não tivesse força suficiente pra matar o gigante, Macunaíma vem para o Rio de Janeiro procurar o terreiro de macumba da tia Ciata. Pediu à macumbeira vários castigos pro gigante Piaimã que, além de receber a chifrada de um touro selvagem, é ferroado por quarenta mil formigas-de-fogo.

Capítulo VIII – Vei, a Sol
É também no Rio de Janeiro que Macunaíma reencontra a Vei, a deusa-sol que pretendia casar uma de suas três filhas com o herói. Embora tivesse prometido, Macunaíma não cumpriu a palavra empenhada: logo que anoiteceu, convidou uma portuguesa e brincou com ela na jangada. Depois foram descansar num banco da avenida Beira-mar, no Flamengo, quando surgiu Mianiquê-Teibê, monstro de garras enormes com olhos no lugar dos peitos e duas bocarras nos pés, de dentes aguçados. Macunaíma saiu correndo pela praia; o monstro comeu a portuga e desapareceu.

Capítulo IX – Carta pras Icamiabas
O herói retorna a São Paulo e, saudoso, resolve escrever uma “carta pras icamiabas”, relatando como era sua vida em São Paulo. Faz, num satírico estilo beletrista, uma descrição da agitada vida paulistana, com seus arranha-céus, ruas “habilmente estreitas” cheias de gente, cinemas, casas de moda, ônibus, estátuas e jardim. Nesta pernóstica missiva, o corrupto Imperador faz questão de detalhar para as amazonas a prática constante de amores pecaminosos, tanto que ele até pensa em tirar proveito da exploração do lenocínio. Critica o capitalismo selvagem dos paulistas locomotivas e dos italianos arrivistas, destacando, horrorizado, ao final, uma curiosidade original deste povo: “falam numa língua e escrevem noutra”. Depois de abençoar as suas súditas, termina a carta, com a maior desfaçatez, pedindo mais uma “gaita” pras suas fiéis icamiabas

Capítulo X – Pauí-pódole
A surra que Venceslau Pietro Pietra recebeu de Exu foi tão violenta que ele ficou meses numa rede, travado pelos suplícios a que foi submetido. Sem poder readquirir a muiraquitã, Macunaíma ocupou-se então do complicado estudo das duas línguas da terra, “o brasileiro falado e o português escrito”. Interrompe um mulato pedante que fazia um verborrágico discurso sobre o Cruzeiro do Sul, falando que aquelas quatro estrelas que brilham no vasto campo do céu são, na verdade, o Pai do Mutum, figura zoocosmológica que teve seu corpo de ave metamorfoseado numa constelação. Capítulo

XI – A velha Ceiuci
Depois de ter passado a noite brincando com a patroa da pensão, Macunaíma falou pros seus irmãos Maanape e Jiguê que tinha achado “rasto fresco de tapir”, em pleno asfalto paulistano, junto à Bolsa de Mercadorias. Induziu seus irmãos a caçarem o animal e estes quase acabam sendo linchados pela multidão que se aglomerou pra assistir à caçada. Um estudante subiu na capota de um automóvel e discursou contra Maanape e Jiguê. Foi interrompido por Macunaíma que, tomado por um efêmero acesso de fraternidade, resolveu defender os irmãos entrando no meio da multidão e distribuindo rasteiras e cabeçadas até ser preso por um “grilo”, soldado da antiga guarda-civil de São Paulo.

No meio da confusão, o herói conseguiu fugir e foi ver como passava o gigante Venceslau Pietro Pietra, ainda “convalescendo da sova apanhada na macumba”. Faz uma aposta com o curumi Chuvisco pra ver quem conseguia assustar o gigante e sua família. Perde a aposta e resolve fazer uma pescaria. Como não tivesse anzol, o herói se transforma numa “piranha feroz” pra cortar a linha de um inglês que pescava a seu lado. Acontece que a velha feiticeira Ceiuci, mulher do gigante, também costumava pescar no igarapé Tietê e prende o herói. Ao ser pescado pela tarrafa da feiticeira, Macunaíma vira um pato que devia ser logo comido. Além de brincar com a filha mais moça de Ceiuci, ludibria-a e foge, montado “num cavalo castanho-pedrez que pra carreira Deus o fez”. É uma fuga espetacularmente surrealista: num momento está em Manaus e noutro em Mendoza, na Argentina.

Fonte: http://www.brasilescola.com

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

De onde vem o verbo "deletar"?

Olavo de Carvalho: filósofo na GNT

Ùltima Flor do Lácio


"ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO, INCULTA E BELA"



A expressão "Última flor do Lácio, inculta e bela" é o primeiro verso de um famoso poema de Olavo Bilac, poeta brasileiro que viveu no período de 1865 a 1918. Esse verso é usado para designar o nosso idioma: a última flor é a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim. O termo inculta fica por conta de todos aqueles que a maltratam (falando e escrevendo errado), mas que continua a ser bela.


LÍNGUA PORTUGUESA

Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma, 

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!