A dicotomia realidade/aparência – que também pode ser interpretada à luz de uma outra -senso comum/conhecimento filosófico - vem sendo explorada, ao longo da história, por inúmeros autores, filósofos e estudiosos. Dentre as analogias mais modernas à alegoria de Platão, podemos citar o filme Matrix (Irmãos Wachowski, 1999) e as tirinhas de Maurício de Souza “As sombras da vida” (2002).
O senso comum é uma das formas de conhecimento primárias do ser humano. Através de nossas experiências e tradições, buscamos elementos que expliquem a realidade. No entanto, é desejável que esta etapa seja superada, isto é, devemos buscar realizar a passagem gradativa do senso comum para um conhecimento mais racional, organizado e sistematizado, capaz de fornecer respostas cada vez mais elaboradas para os problemas cada vez mais complexos de nossa existência.
Quando nos acomodamos com as respostas prontas oferecidas pelo senso comum, alimentamos nossa ignorância e acabamos correndo o risco de sermos facilmente iludidos e de nos tornar vítimas daqueles que detêm o conhecimento e o utilizam como forma de submeter o outro. É o que acontece com as ideologias, que têm o poder de nos fazer aceitar mesmo falsas verdades que vão de encontro (contra) aos nossos próprios interesses.
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Por
outro lado, quando temos a coragem de “sair” da zona de conforto
representada pela caverna, com todas as suas sombras, isto é, com todas as
percepções que fazemos da realidade, podemos nos sentir perplexos diante
da constatação da nossa própria ignorância. Por isso, a busca pelo
conhecimento é, antes de tudo, uma atitude corajosa, afinal, quantos já não
foram julgados e condenados por aqueles que se negaram a sair de sua própria a
caverna?
O desenvolvimento do pensamento
crítico, proporcionado pela Filosofia, permite que adquiramos maior autonomia
sobre as decisões e atitudes tão necessárias em nossa interação com o mundo em
que vivemos. Torna-nos seres capazes de pensar por si próprios e não meros
espectadores de um “programa de TV” que pode até ser bem produzido e cheio
de efeitos especiais, mas que, no fundo, não passa de mera imitação da realidade,
feita para iludir.